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Não foi acidente! Rompimento de barragens da Samarco/Vale traz danos sócio-ambientais irreparáveis

12.11.15 Minas Gerais Tags:, ,

valeO rompimento de duas barragens no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, já completa uma semana e muitas perguntas ainda não foram respondidas. A tragédia aconteceu na quinta-feira, 5 de novembro, deixou mortos, centenas de pessoas feridas e desabrigadas e cidades inteiras sem água. Autoridades e a imprensa alegam falta de colaboração da empresa para apurar as causas do rompimento.

As barragens rompidas, Fundão e Santarém, pertencem a mineradora Samarco, cujas ações são dividas entre a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. Desde o rompimento as ações da Vale já caíram 8%. A Samarco é a 10ª maior exportadora do país e fabrica pelotas, matéria-prima para fabricação de minério de ferro.

A lama despejada pelo rompimento segue pelo rio Doce, rio que batizava a Vale quando ainda era uma empresa estatal. A empresa foi privatizada em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e seus acionistas vivem hoje em sua maioria em outros países. Na época em que era estatal, nenhum acidente desta magnitude ocorreu.

Cidades mineiras há mais de 70 km do rompimento foram inundadas pela lama e famílias estão desabrigadas. De acordo com a mineradora foram liberados 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, que já chegaram até o Estado do Espírito Santo, deixando dezenas de cidades sem abastecimento de água. Estima-se que a lama atingirá cerca de 10 mil quilômetros quadrados no litoral capixaba.

De acordo com uma análise laboratorial feita pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade capixaba de Baixo Guandu, foi detectada a presença de metais pesados em concentração acima do aceitável, como mercúrio, alumínio, ferro, chumbo, boro, bário, cobre. Já os relatórios do SAAE da cidade mineira de Governador Valadares apontam um índice de ferro 1.366.666% acima do tolerável, de manganês, acima em 118.000% e de alumínio 645.000% maior.

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Os danos ambientais ainda não são possíveis de ser totalmente contabilizados, mas de acordo com especialistas, estima-se que centenas de nascentes foram soterradas, que a área atingida pela lama se tornará infértil e que toda a diversidade de peixes, anfíbios, repteis e algas da região foi comprometida.

O IBAMA irá aplicar duas multas à empresa, que podem chegar a R$ 50 milhões cada. Uma delas é referente ao lançamento de rejeitos nos rios e a outra pela perda da biodiversidade.

A licença de uma das barragens estava vencida há dois anos. Os municípios atingidos pedem ajuda ao governo estadual e federal. Cerca de 20 pessoas ainda permanecem desaparecidas e 5 mortes já foram confirmadas.

O Ministério da Fazenda divulgou uma lista com as 500 empresas que mais devem a União.Juntas , as dívidas somadas chegam a mais de R$ 392 bilhões. A mineradora Vale é a maior devedora, com R$ 41,9 bilhões em dívidas.

Apesar de dever para a União, a Vale recebe investimentos estatais para continuar operando no país. Estudo da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) aponta que, para minerar na Amazônia, a Vale obteve 70% do valor de R$ 506,96 milhões que foi distribuído para as mineradoras que atuam na Amazônia, via Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), entre 2007 e 2012. Esse montante foi injetado na mineração altamente lucrativa do ferro e cobre nas minas de Carajás..

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