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Passageiros idosos fogem de metrô superlotado

07.07.11 São Paulo

 

Em 2010, foram 3,2 milhões menos usuários com mais de 65 anos do que em 2005. Queda no período foi de 11%, mas número de passageiros subiu 47%; superlotação hoje dura mais, dizem técnicos.

Ao esperar mais de 40 minutos na estação Sé para conseguir entrar em um vagão, a aposentada Maria do Socorro Alves, 69, lembra como já chegou até mesmo a desistir de compromissos no Conselho Municipal do Idoso devido à superlotação do metrô.

“Dizem que tenho a preferencial. Mas, se não me cuidar, me derrubam no chão.” Também não é à toa que Jaciro Marçaioli, 66, há três anos “opta” pelo táxi para suas consultas médicas de rotina em horários de pico.

“Antes das 9h e depois das 17h é impossível”, afirma.

Os relatos podem ser pistas para explicar a queda, nos últimos cinco anos, da participação de idosos no total de passageiros do metrô – e nos ônibus municipais.

No metrô, os idosos registrados oficialmente no ano passado foram 3,2 milhões menos do que em 2005 -28,6 milhões contra 25,4 milhões.

Trata-se de uma redução de 11% – num período em que a quantidade total de passageiros subiu 47%.

Os dados são baseados no bilhete que permite ao idoso passar pela catraca sem pagar – modo predominante para ter a isenção da tarifa.

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O governo relativiza os números, pois quem tem 65 anos ou mais pode entrar de graça no metrô apresentando o RG, assim como policiais e oficiais de Justiça.

Embora esses registros tenham subido acima da média, não se sabe quantos deles são idosos. O Metrô também não tem ideia do que poderia levar mais gente a migrar do bilhete para a inspeção trabalhosa na catraca.

Mesmo se essa hipótese estiver correta e for levada ao extremo, significaria que perto de 7% das entradas no metrô eram de idosos em 2005, contra menos de 5% em 2010. Ou seja, eles estão mais presentes na cidade, mas não aderem ao transporte coletivo como os demais.

Picos

Nos ônibus municipais, a demanda de passageiros saltou 10%, já a de idosos baixou 1% – 1,2 milhão a menos em 2010 em relação a 2005.

Dentre as possibilidades para a redução, está a superlotação, que no metrô passa de 8 por m2 no rush. E também a migração para os carros – como cogita o engenheiro Jaime Waisman, 66.

Por terem horários flexíveis, os idosos sempre evitaram os picos. O problema, diz Horácio Augusto Figueira, 59, mestre em engenharia pela USP, é que a superlotação hoje dura mais. “A frota, reduzida fora do pico, precisaria ser total ao longo do dia.”

Da Folha de S. Paulo, com Alencar Izidoro e Juca Varella