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Moradores da região e trabalhadores da Linha 15 se preocupam com a segurança do monotrilho

19.02.19 Notícias, São Paulo Tags:, ,

A segurança na operação do monotrilho da Linha 15-Prata foi questionada na Audiência Pública realizada pelos metroviários de São Paulo nesta segunda-feira, 18.

A audiência, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo por iniciativa do Sindicato dos Metroviários de São Paulo com apoio do deputado estadual Carlos Giannazzi (PSOL) e das bancadas do PT, PSOL e PCdoB, aconteceu após o choque de dois trens do monotrilho, em que a empresa está culpando um trabalhador pelo acidente.

O Sindicato questiona a versão do Metrô, e traz uma série de denúncias sobre a segurança da Linha, afirmando que a falha é do sistema utilizado no monotrilho, e não do trabalhador.

De acordo com Wagner Fajardo, secretário geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o monotrilho opera com um rebaixamento dos padrões de seguranças utilizados pelo Metrô. Um exemplo é o Centro de Controle de Operações (CCO), que no Metrô funciona com 5 funcionários, e no monotrilho apenas com 2. A ausência de cabine para operador de trem também é um problema apontado.

Fajardo afirma que para que acidentes como este possam ser evitados o Sindicato está reivindicando junto ao Metrô e ao governo a participação dos metroviários na investigação do acidente e na sugestão de mudanças no sistema.

Ele ainda ressalta a irresponsabilidade de entregar essa linha para a iniciativa privada, como o governo pretende, já que o setor privado coloca o lucro acima da segurança, como pudemos ver no rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.

As preocupações com a segurança do monotrilho são também de quem utiliza a Linha e vive na região, como Maria Aparecida Martinelli, do Movimento Popular da Vila Prudente.

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Maria Aparecida retomou o histórico de luta dos moradores para que fosse construído um metrô no local, e não um monotrilho, já que a região tem um adensamento populacional elevado. O monotrilho, além de transportar menos pessoas, não teve sua obra concluída até hoje e seu trajeto não chegará ao inicialmente previsto.

Ela ainda relatou a preocupação da população com a segurança, que está muito preocupada com as denúncias apresentadas, e que se sentiria mais segura se houve uma cabine para o condutor no trem.

Os problemas no monotrilho não acontecem apenas pelas fragilidades na segurança, mas pela falta de funcionários e treinamento, como afirma André Inocêncio, trabalhador da manutenção da Linha 15-Prata.

De acordo com Inocêncio, há grande sobrecarga dos trabalhadores, que recebem treinamento precário e convivem com baixo quadro de funcionários.

Moradores de outras regiões também estiveram presentes da Audiência, e Ênio, do Movimento Metrô Brasilândia Já, reforçou a necessidade da articulação entre a população e os metroviários, que tem o mesmo interesse na construção de um metrô público, estatal e de qualidade.

O enfrentamento a privatização do metrô e de outras empresas públicas foi apontado como uma necessidade, por diversos dos presentes.

A diretora da Fenametro, Camila Lisboa, reforçou a rejeição da população à privatização, e lembrou da necessidade da luta contra a terceirização das bilheterias do Metrô, um grande ataque ao Metrô estatal e representará uma queda na qualidade do serviço ofertado.

A audiência encaminhou a construção de audiências públicas na região da Linha 15-Prata a denúncia da paralisação das obras do monotrilho, e a criação de uma CPI para investigar o acidente de janeiro.