Privatizar é excluir: por que defender o transporte público sobre trilhos?
08.07.25 Destaques, Notícias, Opinião do Diretor
Por Luiz Soares, presidente da Fenametro
Estamos vivendo um momento decisivo na luta pelo Brasil que queremos. De um lado, um projeto de país que aposta no Estado forte, na valorização do serviço público, na geração de empregos e na garantia de direitos para o povo. Do outro, um projeto que insiste no desmonte das políticas públicas, na retirada de direitos e na venda do patrimônio nacional ao setor privado. Esse último, representado pelo neoliberalismo, empurra a população trabalhadora para a precarização, para a exclusão e para o abandono.
A realidade é dura. O povo sofre com o alto custo de vida, desemprego, transporte lotado, saúde sucateada, moradia precária e ausência do Estado onde ele é mais necessário. Em vez de responder com investimento e planejamento, setores conservadores e empresariais propõem como “solução” a privatização dos serviços que ainda funcionam — como é o caso da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Durante o Seminário de Gestão e Planejamento do Sindmetro-PE, reafirmamos um princípio que move a nossa luta: direito não é mercadoria. Quando o transporte vira negócio, quem paga é o povo. E quando vendem uma empresa pública como a CBTU, não estão vendendo apenas trens e trilhos — estão entregando o futuro de milhões de brasileiros e brasileiras que dependem desse serviço todos os dias para viver, trabalhar e sobreviver.
A história da nossa classe mostra que nenhum direito caiu do céu. Os direitos sociais foram conquistados com organização, mobilização e enfrentamento. Até a crise de 1929, quem não tinha dinheiro, não tinha nada: nem saúde, nem educação, nem transporte. Foi com a pressão popular que o Estado passou a assumir essas responsabilidades. E foi com muita luta que construímos empresas públicas fundamentais como a Petrobras, os Correios e a CBTU.
Mas o projeto neoliberal, que voltou com força nos últimos anos, quer nos empurrar de volta ao passado. Quer um Estado mínimo para os pobres e máximo para os ricos. Privatizações, terceirizações e cortes de direitos fazem parte desse pacote. E a venda de empresas como a CBTU está dentro dessa lógica. Sabemos bem como funciona essa privatização silenciosa: enfraquecem o serviço, cortam investimentos, precarizam os empregos e depois dizem que a única saída é vender. Mas nós sabemos que isso não resolve — só piora.
As experiências internacionais deixam isso claro. No Reino Unido, onde os trens foram privatizados, o preço das passagens disparou e a qualidade caiu. Na Argentina, a privatização resultou em tragédias por falta de manutenção. No Chile, o transporte virou símbolo da desigualdade e levou o povo às ruas. Quando o lucro vem antes da vida, o resultado é sempre o mesmo: exclusão, precarização e abandono.
No Brasil, não podemos repetir esse erro. Privatizar a CBTU é entregar uma empresa estratégica ao mercado. É colocar o direito de ir e vir nas mãos de quem só pensa em lucrar. É colocar milhares de trabalhadores na incerteza e jogar a população no aperto.
Por isso, o Sindmetro-PE, junto com a Fenametro, segue firme e vai intensificar a mobilização. Teremos audiências públicas na Assembleia Legislativa de Pernambuco e na Câmara de Vereadores de Jaboatão dos Guararapes. Vamos dialogar com a população, pressionar os governos e apresentar um novo projeto de gestão para a CBTU: um modelo público, eficiente, que garanta empregos e melhore o serviço para quem mais precisa.
Essa luta é de todas e todos nós. Defender a CBTU é defender o transporte público, os direitos da classe trabalhadora e o papel do Estado em garantir dignidade à população. Não vamos permitir que destruam o que é nosso.
CBTU é do povo! Privatização é exclusão! E nós vamos resistir!