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Encontro Internacional de metroviários amplia unidade da luta da categoria

23.12.21 Notícias

Metroviários de diversos países da América Latina e da Europa falaram sobre os desafios que enfrentam

Por Ana Carolina Andrade

Ataques aos direitos dos trabalhadores, ampliação das terceirizações, privatizações e maior precarização do trabalho com a pandemia não fazem parte apenas da realidade dos metroviários brasileiros, mas de toda categoria metroviária da América Latina e Espanha, como foi possível observar no VII Encontro da Coordenação Internacional de Sindicatos de Metroviários, que aconteceu de 13 a 15 de dezembro na Sede do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Participaram da atividade metroviários do Brasil, Argentina,  Colômbia, Chile,  México e Espanha, onde foi compartilhada a realidade dos metrôs de Buenos Aires, Santiago, Medellín, Barcelona, Madri, Cidade do México, Porto Alegre e São Paulo, mostrando as particularidades de cada localidade, mas compreendendo que a luta é comum e os ataques similares.

O Encontro encaminhou uma série de resoluções unitárias, como uma carta sobre o contexto internacional e realidade da categoria metroviária, um dia unificado de lutas, e uma resolução sobre as condições de vida e a centralidade da luta das mulheres, LGBTQIA+, negras e negros, indígenas e imigrantes.

Durante o Encontro, os participantes produziram um vídeo de apoio internacional a luta antifascista e a candidatura de Gabriel Boric, que no domingo, 19, derrotou o candidato da extrema direita no Chile, e foi eleito presidente.

Encontro debate da conjuntura a saúde laboral

No primeiro dia, o debate se deu em torno da realidade dos metrôs no mundo e a conjuntura internacional, as discussões de gênero e diversidade, e novas formas de luta. Já no segundo, se discutiu os efeitos das reformas trabalhistas e os direitos dos trabalhadores, e foi feita uma visita ao metrô de São Paulo, no pátio da Linha-4 Amarela, na Vila Sônia, uma das linhas privatizadas do Metrô de SP, em que os metroviários puderam observar as semelhanças nos sistemas e modo de trabalho, e os efeitos da privatização.

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Já no terceiro e último dia, foi abordada a questão da saúde laboral, a Covid-19 e os novos agentes de risco – tema tão fundamental neste contexto de pandemia e de ampliação do adoecimento dos trabalhadores por questões de saúde mental – além de novos modelos de gestão, privatizações e terceirizações, e ao final, foram aprovadas as resoluções finais do encontro. 

Entre as diversas questões abordadas, no contexto geral, é fundamental destacar a luta por vacinas no Brasil, o enfrentamento ao governo Bolsonaro, e os levantantes populares na Colômbia, em que os metroviários relataram o assassinato e desaparecimento de manifestantes por parte do governo, além das eleições chilenas, em que havia grande unidade para combater a possibilidade de eleição de um governo de extrema direita, com muitas semelhanças ao governo de Jair Bolsonaro, no Brasil.

Além disso, a situação da categoria metroviária foi amplamente discutida, como com os exemplos dos trabalhadores mexicanos, que fazem parte do Comitê de Riscos que analisa junto aos médicos os riscos laborais de sua categoria, dos chilenos, que com a pandemia viram mais de 1.500 companheiros demitidos e os custos do que o Metrô encara como crise, para os trabalhadores. 

As discussões sobre gênero e diversidade trouxeram muitas questões fundamentais tanto no aspecto geral, como para os metroviários, cujo maior destaque se trouxe da Argentina, onde a categoria luta por cláusulas com perspectiva de gênero na negociação coletiva, como a licença por violência de gênero.

Após o Encontro, por parte dos presentes, foi manifestado um apoio internacional à greve dos metroviários de Minas Gerais, que enfrentam os riscos da privatização.