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Metroviários estão em luta contra a privatização em todo Brasil

08.07.16 Geral, Notícias Tags:, ,

Ameaças de privatizações atingindo todo país e todos os setores do transporte. Este foi o quadro apresentado no Encontro Internacional de Trabalhadores e Trabalhadoras do Transporte contra a Privatização no que se refere ao panorama do Brasil, onde estiveram presentes metroviários, rodoviários, aeroviários e portuários brasileiros.

Durante o painel da manhã de sábado, 2 de julho, metroviários de todo país relataram a situação em seus Estados. Em São Paulo, o presidente licenciado do Sindicato dos Metroviários, Altino Prazeres, lembrou que a privatização do metrô se iniciou com a Linha 4- Amarela, e que hoje Alckmin pretende privatizar também as linhas 5 e 6, além das linhas 8 e 9 da CPTM. De acordo com Altino é necessário que o metrô seja estatal, e não privado, e esteja sob controle da população e dos trabalhadores.

No Rio de Janeiro o metrô foi privatizado em 1998, e para Heber Fernandes da Silva, presidente do Sindicato dos Metroviários do Rio de Janeiro e Ariston Siqueira dos Santos, diretor da Fenametro, o modelo de privatização carioca não fugiu a regra geral. Os governantes na época permitiram a degradação do sistema, demitindo 2.000 funcionários e aumentando em 1000% a tarifa. Após a privatização os trabalhadores que permaneceram tiveram redução drástica nos seus salários, um aumento da carga horária e de trabalho,e uma rotatividade muito grande na empresa, além da demissão de dirigentes sindicais, acuando a categoria e dificultando mobilização e filiação.

Presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais, Alda Lúcia dos Santos relatou a situação do metrô de Belo Horizonte, pertencente a CBTU que hoje anunciam que será privatizado e passou por um longo processo de degradação. Alda enfatizou que os trabalhadores não necessitam do transporte apenas trabalhar, mas também para ter direito ao lazer.

O metrô de Recife também pertence a CBTU, e de acordo com Sanclair dos Santos, diretor da Fenametro, é um dos selecionados para privatização, em especial com o anúncio do governo Temer de que privatizará tudo for possível.

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Em Porto Alegre a situação é crítica. A Trensurb, para Luiz Henrique Chagas, presidente do Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul, “é a bola da vez”. Chagas relata que há uma dificuldade de convencimento da categoria de que a privatização “está na porta”, o que preocupa muito o Sindicato. A Trensurb conta hoje com 1.000 trabalhadores e o metrô alcança 6 cidades na região metropolitana de Porto Alegre.

Em greve neste momento, os metroviários do Distrito Federal trouxeram ao Encontro sua experiência. Tânia Aparecida Viana, diretora da Fenametro, explicou que a Companhia do Metrô de Brasília desde sua fundação é subsidiada pelo Estado e hoje o metrô conta com 42 km e 24 estações funcionando 16h por dia. Apenas 680 empregados operam todo o sistema
e não há contratação de trabalhadores desde 2010. Para Tânia esta situação deixa o metrô muito atrativo à privatização, já que conta com poucos funcionários e uma alta tarifa, inclusive 30% do quadro já é terceirizado.

O tema da mobilidade urbana ganhou destaque no Brasil após as mobilizações de junho de 2013, e para Paulo Pasin, presidente da Fenametro isto demonstra como este setor é estratégico. Pasin acredita que o direito ao transporte é fundamental para viabilizar todos os outros direitos, e só poderá se concretizar enquanto direito se for universal, ou seja, com tarifa zero.

Os metroviários presentes convocaram todos trabalhadores a se unirem nesta luta. De acordo com Pasin é necessário haver uma luta conjunta dos trabalhadores, como na França, que enfrenta a aprovação de uma legislação trabalhista que retirará direitos e precarizará ainda mais a classe. O presidente ainda defendeu a preparação de uma greve geral, para defender direitos e previdência social.