
Os ataques à educação, saúde, cultura, lazer e, claro, ao transporte público, têm um ponto em comum: o desmonte dos serviços públicos. A falta de investimentos, o congelamento de concursos e a precarização das equipes vêm criando terreno fértil para o discurso privatista, que tenta vender a ideia de que “o mercado” seria mais eficiente para gerir direitos que pertencem ao povo.
Mas essa narrativa é falsa — e perigosa.
Transporte é direito, não mercadoria
A Constituição é clara: transporte público é responsabilidade do Estado. Assim como saúde e educação, é um direito social, que deve ser protegido por políticas públicas, financiamento e planejamento de longo prazo. A privatização rompe com essa lógica, transformando um direito em mercadoria, submetido às regras da lucratividade e aos interesses de acionistas — não da população.
O que acontece quando privatizam? A tarifa sobe
A lógica empresarial é simples:
👉 Para garantir lucro, corta-se custo e aumenta-se receita.
No transporte, isso significa tarifas mais caras.
Não é teoria: é prática.
O Metrô do Rio de Janeiro, privatizado, tem hoje a tarifa mais cara do país.
E onde há privatização, há reajustes constantes, muitas vezes acima da inflação.
No fim, o trabalhador paga a conta — literalmente.
O serviço piora e os trabalhadores sofrem
A história das privatizações no Brasil é conhecida:
– cortes profundos no quadro de funcionários,
– rebaixamento dos direitos trabalhistas,
– contratação de mão de obra menos qualificada.
Vale do Rio Doce, Embraer, Telebrás — todas reduziram mais de 20% dos funcionários após a privatização. No transporte, isso significa trens mais cheios, mais lentos, mais vulneráveis e mais inseguros.
Menos gente trabalhando = menos segurança, menos manutenção, menos atendimento.
Superlotação explode — e aumenta o risco para as mulheres
A demanda pelo metrô cresce ano após ano. Já a expansão? Não.
Prazos estourados, obras paradas, estações que não entregam o que prometem.
Na lógica privada, a expansão depende de retorno financeiro. Resultado:
menos obras, mais lotação e um ambiente cada vez mais propício ao assédio e à violência contra as mulheres.
Mais insegurança no sistema
Privatizar também significa perder capacidade pública de fiscalização, controle e operação.
E isso aparece nas falhas.
Casos como:
– falhas graves de sinalização,
– plataformas perigosamente lotadas,
– acidentes evitáveis,
– sistemas sem operador implementados sem critérios de segurança…
Tudo isso mostra que o corte de custos pesa mais do que a proteção ao usuário.
Tecnologia não é o problema.
O problema é usar tecnologia como desculpa para cortar postos de trabalho essenciais e fragilizar a segurança operacional.
E a corrupção? Aumenta.
A modernização das frotas do Metrô de São Paulo é um exemplo: superfaturamento, contratos nebulosos e trens que custaram caro, mas vivem quebrando — como a Frota K, da Linha 3-Vermelha.
Onde há privatização, há mais sigilo, menos controle social e mais espaço para escândalos.
Privatizar não resolve: agrava o problema
O transporte sobre trilhos precisa de:
– mais investimento público,
– mais transparência,
– mais trabalhadores,
– mais expansão estruturante,
– mais integração com tarifa social e tarifa zero.
Privatizar vai na direção oposta.
Transforma um serviço essencial em negócio.
Entrega o patrimônio público para empresas que só entram se houver lucro garantido.
E impede que as cidades tenham um transporte digno, seguro e acessível.
O caminho é fortalecer o público — e lutar por transporte como direito
A Fenametro defende um modelo de metrô público, integrado, com tarifa acessível e gestão democrática.
É assim que se constrói mobilidade urbana de verdade.
É assim que se garante o direito de ir e vir da população.
É assim que se protege o futuro do transporte no Brasil.
Privatizar não é solução. É retrocesso.
O que precisamos é de mais Estado, mais investimento e mais respeito ao povo trabalhador.




