Recife | Greve teve êxito político ao propor solução para crise do metrô
07.11.25 Destaques, Notícias, Pernambuco
A greve dos metroviários de Pernambuco, iniciada na segunda-feira (3), trouxe à tona a situação crítica do sistema metroviário do Recife, marcado por anos de falta de investimento e deterioração da infraestrutura. A paralisação foi aprovada por unanimidade em assembleia, com adesão quase total dos trabalhadores.
O sindicato denuncia que o metrô vive um “processo de sucateamento generalizado” desde 2017, colocando em risco a segurança de funcionários e usuários. O presidente do Sindmetro-PE e da Fenametro, Luiz Soares, lembrou que o sistema chegou a registrar um incêndio em uma composição, episódio que quase terminou em tragédia.
“Hoje, o metrô do Recife agoniza. O risco é real e permanente”, afirma o dirigente sindical.
Na avaliação do Sindicato, a greve e suas reivindicações tiveram grande repercussão positiva, conquistando o apoio da população, de movimentos sociais, de parlamentares pernambucanos, do poder judiciário local e da imprensa regional.
“Hoje, podemos afirmar que os metroviários de Pernambuco venceram no campo da luta e da opinião pública, mostrando ao Brasil que a defesa do metrô público, seguro e de qualidade é uma causa de toda a sociedade”.
Conflito e repressão marcaram o início da greve
No primeiro dia da paralisação, a Polícia Militar agiu com truculência em um dos piquetes, no Centro de Manutenção de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes. Luiz Soares foi detido por cerca de 40 minutos após dialogar pacificamente com trabalhadores, sendo liberado em seguida.
Mesmo com a repressão, a greve se manteve forte, mobilizando piquetes e manifestações e ganhando apoio de movimentos sociais e da população.
Tribunal reconhece legitimidade da luta
A mediação do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região foi decisiva para destravar o impasse. O vice-presidente do TRT, desembargador Eduardo Pugliese, reconheceu a legitimidade da greve, garantiu o abono dos três dias de paralisação e determinou que a CBTU apresente, em até 30 dias, uma resposta ao plano emergencial elaborado pelos metroviários.
O plano, com dez pontos prioritários, propõe medidas imediatas para garantir segurança, modernização e qualidade no serviço. O desembargador também se comprometeu a intermediar diálogo com o governo federal e estadual.
Além de Luiz, participaram da audiência, representando o sindicato, Thiago Mendes (vice-presidente) e Gláucia Castro (diretora jurídica).
Categoria avalia suspensão como vitória política
Em nova assembleia realizada na quarta-feira (5), após caminhada até o Monumento Tortura Nunca Mais, a categoria acatou a proposta do desembargador e aprovou a suspensão da greve por 30 dias, mantendo-se em estado de greve. Para o sindicato, a decisão representa uma vitória política e social.
“A direção e a categoria avaliaram que este foi um importante avanço, uma vitória significativa, diante das condições adversas e da falta de diálogo anterior com o governo”, analisou o representante dos metroviários.
A mobilização também pressionou o governo federal a se posicionar sobre a retirada da CBTU do programa de desestatização e a reavaliar a proposta de transferência da gestão ao governo estadual, que pretende privatizar o sistema.
Mobilização segue em estado de alerta

Apesar da suspensão temporária, os metroviários seguem mobilizados. O sindicato avalia que os próximos 30 dias serão decisivos para definir o futuro do metrô do Recife e cobra que as autoridades cumpram os compromissos assumidos na mediação judicial.
“O metrô não pode continuar sendo vítima do descaso. Nossa luta é por um transporte público de qualidade, que sirva à população e valorize quem o faz funcionar”, concluiu Luiz Soares.




