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Audiência pública discute cortes no orçamento do Metrô e situação da Linha 6-Laranja

28.11.18 Notícias, São Paulo

Para discutir a proposta de corte no orçamento do Metrô de São Paulo e da CPTM, e a privatização do sistema, aconteceu nesta segunda-feira, 26, uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP).

A ALESP debate neste momento a proposta orçamentária do Estado de São Paulo para 2019, que prevê uma redução de 9,86% nos recursos para o Metrô e de 8,8% para CPTM.

A redução do orçamento foi rechaçada pelos presentes, que cobram mais investimentos para manutenção e expansão do sistema, a cada dia mais precarizado, inclusive com a ampliação das terceirizações.

Entre os movimentos presentes estava o “Movimento Metrô Brasilândia Já”, que trouxe as reivindicações dos moradores da Brasilândia, afetados pela paralisação das obras da Linha 6-Laranja, paradas desde 2016.

Primeira Linha privatizada desde sua construção, a Linha 6-Laranja ligará a Zona Norte ao Centro, indo das estações Brasilândia à São Joaquim, contando com 15 estações e a estimativa de transportar mais de 600 mil passageiros.

Prevista para 2012, a Linha ficou conhecida como Linha das Universidades, e fará conexões com as linhas 7-Rubi e 8- Diamante, da CPTM, e 4- Amarela e 1- Azul, do Metrô.

De acordo com Edmilson Almeida Silva, do Movimento Metrô Brasilândia Já, a paralisação das obras traz situações de riscos para os moradores, já que há diversos canteiros abandonados, trazendo problemas de segurança para região. Edmilson ainda explica que a reivindicação do movimento é pela retomada das obras e por um metrô estatal, e que a população já vive uma péssima experiência com a privatização.

A construção e administração da Linha 6-Laranja foi concedida através de uma Parceria Público-Privada (PPP) para o Consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht TransPort, Queiroz Galvão e UTC Engenharia. A PPP foi a primeira no país a envolver tanto a parte da construção como a de administração de uma Linha para uma empresa privada, e teve um péssimo resultado.

Em 2016 as empresas responsáveis pela construção foram denunciadas pela Operação Lava Jato e enfrentaram problemas de financiamento com o BNDES, e assim as obras foram paralisadas.

De acordo com Sérgio Carioca, do Sindicato dos Metroviários, apenas 15% da Linha foi construído, e 60% do valor desta construção foi financiado pelo Estado.

A Fenametro esteve presente na atividade, e a Diretora de Imprensa da entidade, Camila Lisboa, lembrou a recente conquista dos metroviários da CBTU, que impediram o aumento da tarifa, e acredita que parte do desafio de unificar a luta dos metroviários e da população está em enfrentar o preço da passagem, que prejudica o usuário e não garante melhorias para os trabalhadores.

O presidente da Federação, Celso Borba, lembrou que o Estado já vem reduzindo há anos seu investimento no Metrô, e passando muitas iniciativas para empresas privadas, fato que ataca diretamente os trabalhadores com a precarização do trabalho, e os usuários, que percebem um sistema com problemas o que facilita o discurso da privatização.

Na audiência foi tirada uma Comissão para construir reivindicações ao relator do projeto, que incluem a revisão do Projeto de Lei do Orçamento, e negativa à redução no orçamento para o Metrô e a CPTM, a retomada imediata das obras da Linha 6-Laranja como Metrô Estatal e por mais Metrô público e de qualidade.

Convocada pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) com apoio do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, da deputada Leci Brandão (PCdoB), da liderança do PT e do PSTU, a audiência contou com a participação do deputado Carlos Giannazi (PSOL), de Sérgio Carioca, diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Vagner Gomes, da CTB, Ribamar Passos, da Intersindical, Edmilson Almeida Silva, da Assembleia Popular da Brasilandia e do Movimento Metrô Brasilândia Já, além de Raimundo Cordeiro, da CSP-Conlutas. Estiveram presentes diretores da Fenametro e representantes Sintaema e do Sindicato dos Eletricitários.