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Audiência denuncia privatização do metrô e forma alianças para enfrentá-la

31.05.17 Notícias, São Paulo Tags:, ,

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) recebeu na noite desta segunda-feira, 29, uma audiência pública para denunciar a privatização do Metrô de São Paulo. Organizada pelo deputado estadual Carlos Giannazi, do PSOL e pelo Sindicato dos Metroviários, a audiência mostrou o grande apoio de movimentos sociais à luta por um metrô público, estatal e de qualidade, e revelou os prejuízos do projeto privatista do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Os metroviários estão em luta contra a privatização das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro, que Alckmin pretende no dia 4 de julho, em um leilão, conceder a iniciativa privada. A oferta mínima é de R$ 189,6 milhões.

De acordo com Giannazi, foi aprovado recentemente na ALESP um projeto de lei do Executivo transferindo R$ 200 milhões da Linha 6-Laranja, para Linha 5-Lilás, e de acordo com o Diário Oficial, a empresa que será contratada na concessão terá um lucro mínimo de R$ 10 bilhões. “Só essa transferência já cobre o lance mínimo. Ou seja, o governo constrói com dinheiro público, compra equipamentos, e depois entrega a preço de banana para iniciativa privada, para essas concessionárias”, afirmou.

Privatização não é o que parece

A maquiagem do setor privado foi denunciada por Altino Prazeres, metroviário e do PSTU. Para Altino há um discurso de que a privatização traz benefícios, o que não se prova na realidade. “Querem o lucro a qualquer custo. O que eles puderem economizar na segurança, em cima dos trabalhadores, vão economizar. Se puderem demitir técnicos e a manutenção farão. É o que aconteceu com todas as empresas [que foram privatizadas]”, disse.

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Crédito da imagem: Mandato do Deputado Carlos Giannazi (PSOL)

Vereadora de São Paulo, Sâmia Bonfim, do PSOL, também denunciou o discurso privatista, de Alckmin mas também de Dória (PSDB). “A gente sabe o que significa a privatização. Eles querem vender que a privatização é eficiência, é melhoria da gestão, mas privatização significa sucateamento dos serviços,terceirização, retirada dos direitos dos trabalhadores, desemprego, desrespeito com a população”, afirmou.

Para o economista Plínio de Arruda Sampaio Júnior a privatização não é um problema só do metrô, do transporte, mas é um problema geral, dos ataques que a burguesia está fazendo aos trabalhadores.”A solução também vem se a gente tiver um ataque geral a burguesia, nós temos que dizer não. Não à privatização, não à retirada dos direitos, não à ofensiva aos trabalhadores”, acredita.

O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, acredita que é um escândalo que depois do que aconteceu e acontece na Linha 4-Amarela o governador ainda fale em privatização. Boulos lembrou que as mesmas empresas envolvidas na construção da Linha 4, que atrasaram as obras, são as envolvidas na gestão, que pede pagamento de multa para o Estado pelo atraso nas obras. “Está é uma luta de toda a sociedade, e quero dizer aqui, aos trabalhadores e trabalhadoras do Metrô, que contem com o MTST nesta batalha, no enfrentamento a privatização”, disse.

A política privatista, de sucateamento e corrupção não é de hoje. Simão Pedro esteve presente e relatou na audiência uma série de denúncias de quando era deputado estadual, pelo PT. Em 2005 começou a denunciar a pressa de Alckmin para realizar a PPP da Linha 4, e em 2006 levou uma denúncia ao Ministério Público de que ocorreria uma tragédia na Linha 4, o que infelizmente se confirmou com o desabamento da estação em Pinheiros, matando 7 trabalhadores.

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Corrupção beneficia empresários

Nessa discussão de corrupção que se faz hoje no Brasil parte da corrupção é a privatização do Metrô de São Paulo. Para Paulo Pasin, presidente da Fenametro, é necessário realizarmos um debate com a população sobre o que é a corrupção, que é coloca como algo exclusivo das empresas estatais. “Quem é que ganhou com a corrupção no país? É verdade que os políticos ganharam, muito dinheiro, mas quem mais ganhou foram as empresas privadas. Pegue a Friboi, talvez uma das maiores do setor no mundo. O que ela fala que deu dinheiro de propina, um bilhão pra cá, um bilhão pra lá, imagina o quanto ela ganhou. Pega as empreiteiras, a mesma coisa”, disse.

Para Alex Fernandes, coordenador geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, privatização é igual a corrupção, e todo esse processo que o Metrô está passando vai de encontro a este mar de corrupção. Alex convocou a população para a Greve Geral, e também para uma greve no dia do leilão da linhas. “No dia 4 de julho a categoria precisa entrar em greve”, disse.

Camila Lisboa, metroviária e do MAIS, denunciou a seletividade do sistema judiciário, que não prossegue em diversas denúncias de corrupção no Metrô, mas não readmite de forma permanente os metroviários demitidos na greve de 2014.

Só com unidade derrotaremos a privatização

O coordenador geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo, ressaltou a necessidade de alianças com o movimento popular, com as organizações políticas, com as centrais sindicais, com o MTST. “Esta luta não é uma luta que a gente vai ganhar sozinho, é uma luta que a gente tem que travar com muita unidade”, afirmou.

A audiência teve com resolução apresentar quatro denúncias ao Ministério Público. A transferência de verbas da Linha 6-Laranja para Linha 5-Lilás, o sistema CBTC, que oferece riscos operacionais, os 26 trens parados, que já foram denunciados há um ano, e a contratação de um executivo da Odebrecht para um cargo importante no Metrô.

Os diversos setores presentes se colocaram contra o governo Temer, exigindo sua saída, e sendo contrários as reformas trabalhista e previdenciária. Além disso caracterizam privatização como uma medida deste governo, e parte do “pacote de maldades”. Geraldo Alckmin não ficou de fora, e todos exigem sua saída.

A Fenametro se soma a todos estes movimentos e estará em luta, junto aos metroviários de São Paulo, para barrar esta privatização. Fora Temer e Fora Alckmin!

Estiveram presentes na mesa da audiência Nancy, da Unidos para lutar, Guarniere, do MRT, Cristiane Queiroz, da Fundacentro, Sérgio Carioca, metroviário, Deputado Zico Prado (PT), René, da CTB, Narciso, da Conlutas, Pedro, da Pastoral Operária, Eduardo Pacheco, da CUT, Ribamar, da Intersindical, e Orlando Silva, do PCdoB. Os deputados Ivan Valente (PSOL) e Leci Brandão (PCdoB) não puderam estar presentes mas enviaram