Jader vende ilusão: ‘case’ de BH é tarifa cara, sucateamento e demissão”
13.08.25 Destaques, Notícias, Pernambuco
É preocupante que um ministro das Cidades, que deveria defender os interesses da população, se mostre tão desconectado da realidade do transporte público no Brasil. Em evento da Esfera Brasil, no Recife, Jader Filho elogiou as concessões dos metrôs de Belo Horizonte e Salvador e insinuou que o mesmo modelo deveria ser aplicado à CBTU Recife. Ignorou, porém, a dura realidade enfrentada pelos trabalhadores e usuários dessas cidades após a privatização: tarifas mais caras, piora no serviço e demissões em massa.
“O ministro fala de privatização como se fosse solução mágica, mas não conhece a realidade do povo pernambucano que depende do metrô todos os dias. O que ele chama de exemplo, na verdade, são modelos que excluem trabalhadores e trabalhadoras, aumentam o custo para a população e destroem um patrimônio público essencial”, criticou Luiz Soares, presidente da Fenametro e do Sindmetro-PE.
Belo Horizonte: o “case de sucesso” que ninguém quer copiar
Em BH, o preço da passagem saltou de R$ 4,50 para R$ 5,30 logo após a concessão — aumento de 17,78% — e, em julho de 2025, chegou a R$ 5,80, tornando-se o mais caro por quilômetro rodado do país.
A privatização também trouxe superlotação, intervalos maiores, falhas constantes e até reutilização de peças, colocando em risco a segurança. Resultado: o número de passageiros despencou de 230 mil para cerca de 105 mil por dia.
O discurso da “modernização” encobre interesses privados
Durante o evento, Jader Filho declarou que quer dar ao Recife o mesmo “nível de serviço” das cidades privatizadas, afirmando que só com concessão será possível atrair investimentos. Na prática, isso significa entregar um patrimônio público essencial à lógica do lucro — a mesma que já mostrou, na experiência recente, que prioriza resultados financeiros sobre o direito à mobilidade.
“Se o próprio ministro reconhece que o investimento já enviado não é suficiente, por que não lutar por mais recursos públicos para o metrô, como a categoria e a população já solicitaram inúmeras vezes?”, rebateu Luiz Soares.
A quem serve essa política?
Ao defender a privatização, o ministro e o governo Lula se alinham à política da governadora Raquel Lyra, que coloca os interesses empresariais acima da preservação de empregos e da qualidade do transporte.
É inaceitável que um governo que se apresenta como defensor dos trabalhadores cogite entregar o metrô a grupos que já demonstraram não ter compromisso com o interesse coletivo.
A Fenametro reafirma e segue na luta!
Para a Federação, os investimentos são urgentes, mas devem ser feitos com recursos públicos e gestão estatal, garantindo o papel social do transporte sobre trilhos. A experiência de BH e Salvador prova: privatizar não é solução, é condenar o transporte público a tarifas altas, sucateamento e exclusão social.