Bilhete Único em SP | Enquato o privado come o bolo, público fica com as migalhas
04.12.25 Destaques, Notícias, São Paulo
Em 2024, o Bilhete Único arrecadou R$ 6,9 bilhões. Desse total, R$ 2,8 bilhões foram para o sistema sobre trilhos. Mas prepare-se: Metrô e CPTM receberam juntos menos de 5% desse valor. Sim, menos de 5%.
Enquanto isso:
- ViaQuatro (Linha 4-Amarela) levou R$ 1,03 bilhão — quase cinco vezes mais que o Metrô;
- As operadoras privadas ficaram com 88% de todos os recursos destinados ao transporte sobre trilhos;
- O Metrô, que transportou mais do que o dobro de passageiros de algumas concessionárias, recebeu apenas R$ 219 milhões;
- A CPTM, que sustenta a mobilidade da região metropolitana inteira, ficou com R$ 116 milhões.
E para piorar, as tarifas médias do repasse mostram o absurdo:
- ViaQuatro: R$ 5,19 por passageiro
- Metrô: R$ 0,59 por passageiro
- CPTM: R$ 0,72 por passageiro
Ou seja: quem mais transporta recebe menos; quem menos transporta recebe dez vezes mais.
Esse desequilíbrio não é técnico. É ideológico, é contratual, é intencional. O governo criou um modelo para garantir rentabilidade privada enquanto estrangula as estatais.

Tarcísio governa para os empresários, não para o povo
Tarcísio gosta de aparecer dizendo que privatização “moderniza”, “eficientiza”, “melhora o serviço”. Mas os números revelam outra realidade: a privatização enriquece concessionárias e esvazia o caixa das empresas públicas.
A Linha 4-Amarela, que tem menos estações, menos extensão e menos funcionários, é justamente a que mais recebe dinheiro público. A equação é simples:
- Menor custo operacional + tarifa contratual mais alta = lucro garantido para o privado
- Maior demanda + tarifa menor = sufocamento das estatais
E quando surge o problema — trens quebrando, falhas diárias, incêndios, descarrilamentos — o governo corre para dizer que a culpa é das estatais. Uma narrativa conveniente para justificar o que já está em andamento: entregar tudo às concessionárias que financiam e sustentam o projeto político da Faria Lima.

E vem mais por aí: a explosão das concessões
Além das linhas já privatizadas, em 2025 entrou mais uma operadora (TIC Trens). Em 2026 vêm Acciona (Linha 6) e Trivia Trens (Linhas 11, 12 e 13). Todas com garantias contratuais robustas, prioridade no saque do Bilhete Único e repasses milionários.
A pergunta que deveria ecoar no gabinete do governador é simples:
Quem vai pagar essa conta quando o dinheiro não couber mais na Câmara de Compensação?
A resposta é óbvia: o povo de São Paulo, com tarifas mais altas, serviços mais precários e mais dinheiro público socorrendo empresas privadas “superavitárias”.
Metrô e CPTM fazem mais com menos — e isso incomoda o projeto privatista
Quando comparamos a eficiência real:
- Metrô e CPTM transportam mais gente, com mais rede, mais estações e mais funcionários.
- Mesmo somando toda a receita tarifária (BU + TOP), o custo por passageiro das estatais continua mais baixo do que o das empresas privadas.
A lógica privatista entra em colapso diante dos fatos: o público entrega mais e custa menos.
Conclusão: Tarcísio quer desmontar, entregar e esconder quem paga a conta
O desmonte do transporte sobre trilhos em São Paulo não é uma tragédia inevitável. É um projeto consciente de transferência de riqueza pública para o bolso de concessionárias privadas.
É o governo escolhendo lado — e o lado nunca é o da população trabalhadora que depende de metrô e trem todos os dias.
A Fenametro seguirá denunciando:
- o sucateamento proposital,
- os contratos abusivos,
- o privilégio às concessionárias,
- o estrangulamento de Metrô e CPTM,
- e o projeto ideológico que usa o caos para justificar a privatização.
Porque transporte público não existe para enriquecer empresário.
Existe para garantir o direito de ir e vir do povo.
E o povo de São Paulo merece muito mais do que a política da Faria Lima travestida de “modernização”.




